segunda-feira, 30 de março de 2015

SÓ SEI QUE NADA SEI - DE SÓCRATES A LULA

Só sei que nada sei frase socrática aparentemente se aproxima de “eu não sei de nada”, frase lulática, quando analisadas sem muito rigor ou pouca reflexão. De um lado, o grande filósofo Sócrates era um homem simples, homem do povo, andava entre o povo sem nenhuma ligação com a aristocracia ateniense. Do povo também sempre foi Lula e não há como duvidar disto. Ambos saíram dos berços populares mais simples para galgar uma posição aristocrática na história, o que não cabe aqui comparar um com outro em pé de igualdade, mas apenas como chispas que saltam do seio do povo, mas não desaparecem em seu estilhaço instantâneo. Partindo do princípio de que nada sabia, Sócrates proclamou em plena praça ateniense: “Só sei que nada sei!”. Desta forma ele genialmente marca uma grande diferença entre todos que pensavam saber de tudo ou quase tudo e que no fundo de nada sabiam e nem tinham consciência disto. Diante do escândalo do mensalão o Presidente Lula exclama: “Eu não sei de nada!” Ambos, tanto o filósofo ateniense com o presidente brasileiro apesar da frase negando um saber, cada um a seu modo dentro do seu contexto realmente sabiam de alguma coisa. Vamos ver. Sócrates era um gênio e observando como vivia em falsidade a sociedade ateniense percebeu com claridade que era uma sociedade fora da verdade. Este saber de nada saber era uma busca permanente da verdade. Não foi em vão que Sócrates ensinava o “Conhece-te a ti mesmo”, caminho da busca do autoconhecimento, frase que estava escrita no Templo de Apolo. Lula aprendeu política no meio de sindicatos. Ali não é possível crescer pessoalmente, sem ouvir, sem respeitar ao outro, sem amar aos seus companheiros, sem saber cultivar o silêncio, sem ser solidário e assim conhecendo-se e reconhecendo-se como líder sindical galgou fama e prestígio popular, o que não podemos duvidar. Sócrates era aberto diariamente ao diálogo, arte que dominava com uma maestria jamais vista. Nesta prática ele usava da ironia e da maiêutica. No início de seus diálogos Sócrates demonstrava não conhecer o assunto apresentado e no decorrer dos diálogos ia demonstrando que o interlocutor também não entendia nada sobre o mesmo. Isto levava o interlocutor a se esforçar o máximo para aperfeiçoar uma resposta à altura do tema apresentado. Desta forma ele se tornava menos arrogante e se conduzia a uma resposta mais nítida e clara. Esta fase se chamava ironia. Na segunda fase, ele ajudava ao interlocutor elaborar suas próprias ideias acerca da dúvida apresentada. Esta fase final se chamava maiêutica. Era o que ele chamava de trazer a ideia à luz, dar nascimento à verdade real sobre o tema ou indagação apresentada. A frase “eu não sei de nada” de Lula também esconde em seu íntimo de que ele sabia sim de alguma coisa. Não que ele soubesse de tudo realmente o que estava passando, tim tim por tim tim como se dizia no interior. Mas que ele sabia como eram os subterrâneos da política brasileira. Ele sabia que projetos são aprovados através de propinas desde o tempo da onça e que muitas eleições são garantidas com verbas de campanhas oriundas muitas vezes do mundão da corrupção. Ele sabia que não seria oportuna uma segunda pergunta “Quem são as pessoas que estão recebendo este mensalão”. A sua posição embora de crucificado não significava a de Cristo, quando proclama “Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra!” Ele sabia que estava ali da mesma forma que FHC, Itamar, Collor, Sarney e assim até o alvorecer de nossa República. Esta curta frase de Lula encerra simultaneamente dentro de si mesma uma ironia e uma maiêutica. Em outras palavras, eu não sei de nada diante do muito que está acontecendo nos bastidores, mas sei que muita coisa está acontecendo porque sempre aconteceu assim; mas se o Presidente não sabe de nada o que se deve fazer diante da corrupção que é a única que sabe de tudo e sempre escorregou por entre os dedos das mãos de um sistema que manipula desta forma os poderes? O silêncio e o tempo são os maiores e melhores remédios. O silêncio para Sócrates seria andar pelas ruas de Atenas conversando com todos sobre tudo em sua arte dialógica. Seu tempo era aquele percorrido entre a ironia e a maiêutica. O silêncio e o tempo para Lula seria e foi algo tão doloroso e catastrófico, do qual ele tem carregado até hoje as suas mazelas, pois o silêncio e o tempo tentaram ser imediatos, coisa impossível de ser na política, tentaram ser ironia e maiêutica no mesmo instante. Condenado à morte Sócrates bebeu docilmente a cicuta ordenada pela aristocracia ateniense. A condenação de Lula crucificado como operário no poder foi ter bebido o veneno antigo de uma taça colonial construída com esmero à medida que foi sendo edificada a tradicional elite brasileira.

sábado, 28 de março de 2015

POR QUE NOSSOS OLHOS ESTÃO VOLTADOS PARA O PREFEITO, GOVERNADOR E PRESIDENTE DA REPÚBLICA NA MAIOR PARTE DE NOSSAS CRÍTICAS? ONDE ESTÁ NOSSA DEMOCRACIA?

Propomos analisar fenomenologicamente nossa história, para que possamos nos compreender como seres e identificar-nos como possibilidades transformadoras. Como um detetive histórico fazemos uma investigação radical. Desde quando escrevemos sobre centro versus periferia, mostramos nosso proceder originário. Comprovamos que até hoje isto impregnou nossa conduta e essência, ao ponto de ficarmos à mercê do mercado internacional, levando-nos a uma imobilidade sócio-econômica, afetando e cristalizando o nosso processo desenvolvimentista. No entanto, é mister, neste tópico, recuarmos um pouco mais na história e desvendarmos o feto do Estado Centralizador e Forte, pois esta seria a necessidade essencial para que se fundasse a expansão comercial. As coisas começam quando os francos atacam aos árabes que passam a ser periféricos dentro da Península Ibérica, embora fizessem parte da cultura mais avançada do planeta, na época. Os francos atacam sob o protótipo de cruzadas. Dois nobres franceses, Raimundo e Henrique de Borgonha, ganham de Afonso VI, de Leão, por casamento com suas filhas, os condados de Galiza ao norte do Minho e o de Portucalense, ao sul do mesmo rio, respectivamente. Por enquanto estas terras estavam a dispor da suseranagem de D.Afonso VI, porém a partir de sua morte e a de D.Henrique, sua esposa D.Teresa não aceita se submeter ao Rei D.Afonso VII, até que seu filho D.Afonso Henriques, funda em 1139, a dinastia de Borgonha, sob o nome de D.Afonso I, com apoio total da Igreja Católica, que dominava 2/3 da Europa, nesta época. Agora como estado independente do Reino de Leão, Portugal começa a se fortalecer para expulsar a forma de governo árabe de suas terras (retorno a dizer que era a cultura mais evoluída do planeta, neste momento); conquistar o Algarves, onde o chefe militar se confunde na pessoa do Rei de Portugal, cada vez mais forte e centralizador, tendo em vista a necessidade daquele momento, chamado de guerra de reconquista (?). Este neo-feudalismo português possui diferenças do antigo feudalismo, tendo em vista que o Rei tornava-se proprietário das terras conquistadas e os nobres não possuem delegações sobre as instituições municipais. Toda a justiça é exercida pelo soberano e ordens militares como a Ordem de Cristo (a que promoveu as grandes descobertas marítimas) está subordinada ao Rei. A arrecadação de impostos é nacional e real e muitos servos são beneficiados com a liberdade visando o povoamento de terras conquistadas. Neste momento do século XIV, Portugal é uma monarquia agrária totalmente controlado pelo Rei, desde a questão de impostos, do trabalho na terra, da produção de cereais, do funcionamento de celeiros, etc. Em seguida o Rei começa a controlar as atividades pesqueiras, que já eram anteriores à Dinastia de Borgonha, promovendo a construção de caravelas, para evoluir a pesca além da sardinha, em busca do atum e da baleia, isentando certas zonas de alguns impostos, possibilitando assim uma grande movimentação comercial. Inicia com esta dominação, um momento de grandes lucros comerciais nas mãos do Rei, controlando o mercado interno e externo. Sabemos que no tecido comercial as relações se efetuam em teias, e assim no Reino Português acontece uma grande evolução urbana, com aparecimento de cidades, enquanto que o meio rural busca as regiões litorâneas para participar deste grande evento comercial. No resto da Europa, o feudalismo já vinha se encaminhando para uma grande crise, originada da abertura das rotas comerciais dentro da Europa, possibilitando aos servos, condições melhores de vida nos novos entrocamentos das estradas comerciais, como artesãos e homens livres, participando de um novo ciclo econômico que é o surgimento da burguesia, a caminho do estado burguês. Porém, a Peste Negra e a Guerra dos Cem Anos criam um obstáculo imenso a este movimento, causando uma grande crise de consumo e mão de obra que se valoriza devido à diminuição populacional, advindo tensões e revoltas. No entanto, todo este estado de crise europeu vem beneficiar Portugal e fortalecer a centralização do Poder Real. Devido ao movimento comercial de pesca, nasce em Portugal uma poderosa Burguesia Mercantil, que se estende ao comércio do sal, do azeite e do vinho, assim como da agricultura em geral. Portugal também se beneficia com a influência da cultura árabe e da presença judaica com sua antiga e sábia civilização. Como a crise no interior da Europa, traz insegurança para as rotas terrestres europeias, muda por completo o quadro comercial que ligava as cidades italianas ao Flandres. Neste momento reacendem as rotas marítimas através da costa portuguesa, alcançando as regiões espanholas, holandesas e inglesas pela Mar do Norte. No final do século XIV, Portugal lidera um grupo mercantil comercial no atlântico, o que fortalece mais ainda o Poder Real. Este Poder Real vem sido exercido durante séculos e chega até aos nossos dias em terras brasileiras com várias matizes culturais. Peço ao leitor que reflita este texto e comece a pensar e a entender, porque a grande maioria da população brasileira está com seus olhos voltados para o Prefeito ("tá vendo este bueiro aqui na rua, o prefeito não conserta ele nunca!"), no Governador ("olha ali o posto de saúde que o governador não consertou o muro ainda!), no Presidente da República ("moro nesta casa porque o presidente até hoje não me deu condições de melhorar minha vida!"). Estas expressões, mescladas a milhares de outras de nosso cotidiano, tem seus fundamentos na psicogênese de nossa formação cultural. Atenção, que não estou descartando uma sociedade justa e perfeita, nem justificando nosso estado permanente de miséria social. Nem tão pouco que devemos buscar soluções para os nossos problemas cotidianos em geral, mas que estamos longe de construir uma verdadeira democracia social. E que também não podemos cruzar nossos braços e justificarmos como culturais aquilo que podemos mudar e erguer democraticamente.

sexta-feira, 27 de março de 2015

O CAOS NA EDUCAÇÃO APÓS FHC E SUA LDB NEOLIBERAL

Qual o destino deste País que não valoriza o professor? Pobre ser humano condenado a uma situação hereditária da pobreza de Diógenes e da condenação de Sócrates. Quem dirá de seu esforço direcionado nos dourados sonhos juvenis da pretendida sociedade justa e igualitária? Triste sina inquisitória o acompanha. Seus passos ocos pelas ruas parecem repetir os estalidos fosforizados das fogueiras da Santa Inquisição sobre as cinzas e os ossos dos livres pensadores e dos fundadores da ciência moderna. Encurralados pelos corredores das Superintendências e das Secretarias de Educação de nosso País, anseiam horizontes mais dignos em termos de condições de trabalho e salário, mediados pelas lutas sindicais, através de um diálogo sonoro, corporal, suado, desembocado nas explicações surreais das mesas de negociações com as Administrações Governamentais. Porém, é necessário pensar com mais profundidade. A começar por uma crítica séria sobre esta lei neoliberal das diretrizes básicas da educação, LDB, que ao longo prazo, como já está acontecendo, está deixando os prefeitos e governadores em estado de emergência, pois conforme notamos as escolas do nosso País estão caindo aos pedaços, o ensino deixa a desejar para três massas falidas, o estudante e o educador e a sociedade. Jogaram o milho chocho na praça e os pombos correram alvoroçados para comê-lo e não faltaram idiotas e papagaios para elogiar aquilo que seria a hecatombe da educação brasileira, vejamos um pequeno trecho midiático: "Na capital do Brasil, na cidade Brasília, no dia 20 de dezembro de 1996, e no 175º da Independência e no 108º da República o Presidente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO e o Ministro da Educação PAULO RENATO SOUZA assinaram uma nova lei na área da Educação: LDB (Lei Nº 9.394 - 20 de Dezembro de 1996) conhecida como LDBN ou simplesmente LDB. Cumpre destacar que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e o Art. 1º (Lei Nº 9.394) explicita que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e de pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais." O trombone fascista acabava de anunciar sua propaganda vazia, porque o veneno mesmo estava no conteúdo da lei. Houve um esforço muito grande dos governos seguintes em melhorá-la, mas não saiu dos trilhos perigosos do neoliberalismo, embora a partir de LULA e DILMA aconteceu um avanço muito grande. Nem dá para comparar com FHC que queria vender tudo, deixando o Reino dos Céus para depois. Uma prova de que esta intervenção neoliberal na Educação Brasileira a partir do Governo de FHC está levando nossa Educação ao caos, ao horror, à síndrome de um dos Países mais atrasados do Planeta, vou dar-lhes apenas alguns índices. Vejamos os indicadores da educação brasileira, levando em conta sua Posição no Ranking entre 122 (cento e vinte e dois) países. Vamos lá então: a) Educação em geral: o Brasil ocupa o 88º lugar; b) Pessoas com mais de 25 anos com Ensino Superior: o Brasil ocupa o 64º lugar; c) Taxa de matrícula na Educação Básica: o Brasil ocupa o 69º lugar; d) Taxa de matrícula no Ensino Superior: o Brasil ocupa o 76º lugar; e) Diferença de gênero na educação: o Brasil está em 1º lugar; f) Acesso à internet nas escolas: o Brasil ocupa o 86º lugar; g) Qualidade do Sistema Educacional: o Brasil ocupa o 105º lugar; h) Qualidade das Escolas de Educação Básica: o Brasil ocupa o 109º lugar; i) Qualidade do Ensino de Matemática e Ciências: o Brasil ocupa o 112º lugar; j) Pessoas com mais de 25 anos com Ensino Médio: o Brasil ocupa o 57º lugar; k) Qualidade de Gerenciamento das Escolas: o Brasil ocupa o 43º lugar. Os cinco melhores Países em Educação: 1°) Coreia do Sul; 2º) Japão; 3º) Cingapura; 4º) Hong Kong; 5º) Finlândia. Os cinco piores Países em Educação: 36º) Colômbia; 37º) Argentina; 38º) Brasil; 40º) Indonésia. Vamos ver outros índices da Educação Brasileira. a) Crianças e Jovens (entre 4 e 17 anos) fora da Escola: 3,7 milhões. b) Taxa de abandono escola: 5%; c) Jovens entre 15 e 17 anos com Ensino Fundamental Completo: 58%; d) Jovens entre 18 e 20 anos com Ensino Médio Completo: 41%; e) Jovens entre 11 e 13 anos que frequentam a Escola nas séries finais do Ensino Fundamental: 845; f) Crianças entre 5 e 6 anos que freqüentam a Escola: 90%; g) Taxa de Reprovação: 13%; h) Taxa de Aprovação: 87%; i) Matrículas na Educação Básica: em torno de 55 milhões; j) População adulta com Ensino Fundamental concluído: 55%. Onde está a porta da democracia tão procurada? Na entrada da Escola, com a gestão democrática entre aspas, disfarçada? A questão democrática da gestão é também complicada. Um gestor indicado ou um gestor eleito? Sabemos que o círculo vicioso da democracia reside no âmbito da própria educação. Estamos preparados para a democracia? Onde foi ensinada a democracia? Que democracia será esta onde o vencedor é o mais simpático? Que democracia será esta onde o vencedor poderá ser o menos competente? Onde o vencedor não está comprometido com os ideais democráticos? Onde está o conhecimento de democracia, na porta da Escola ou em que ângulo da porta da casa do cidadão comum? Onde nasce a Escola e a sociedade? Lá dentro ou cá fora? Qual a diferença entre dentro e fora? Entre o público e o privado? Onde há espaços na grade curricular para ensinar democracia? Por que retiraram da educação o ensino da filosofia e da sociologia? Inclusive este ensino deveria ser dado desde as primeiras séries do ensino fundamental. Será que a nova e velha LDB, anciã quando nova por ter sido almejada por neoliberais estava realmente preocupada com o professor? Quantas vezes ela o cita envolvida com suas necessidades de trabalho e sobrevivência? Transformaram a Educação em um jogo de palavras bonitas, neologismos mágicos para enganar a todos, para reinar um jogo onde se brinca a ermo e o professor se transforma em um “gandula” alvoroçado fora do campo em pleno jogo, repetidas vezes dia após dia procurando pela bola e pensando no jogo perdido. Alguma ação boa tem sido iniciada por alguns prefeitos, digo, alguns prefeitos contados nos dedos das mãos, no sentido de uma Escola de Ensino Integral. São pouquíssimos, mas parabéns a estes desbravadores. Espumam pelos cantos das bocas os enegogos da Educação exibindo projetos sobre projetos para que os professores o cumpram e tudo não passa de um engano monstruoso, deixando quase sempre a desejar o cumprimento com a grade curricular, mas por fora brilhando como se tudo estivesse a mil maravilhas, um verdadeiro carnaval de máscaras, fantasias, confetes, serpentinas e o resultado educacional está aí para todo mundo ver. O resultado da educação se obtém pela percepção crítica, fundamentada em um raciocínio amplo e profundo do que seja a face real da sociedade e quando a alienação se torna um manto sobre as consciências, podemos dizer que o resultado é zero. O conhecimento e a cultura submergem gradativamente junto com a suntuosidade do titanic educacional deste País. Quando ouço esta palavra projeto, lembro-me de um prefeito interiorano que possuía uma pequena propriedade rural e lá no alto do pasto sempre se via uma besta pastando. Ele a mostrava e dizia: “O nome dela é Projeto! Anda pra lá, anda pra cá, relincha, corre, salta, mas no fim não resolve nada!”. Sou contra Projetos? De forma alguma. Sou contra projetos feitos por quem não tem experiência alguma na Educação. Sou contra projetos feitos por executivos dentro de suas salas refrigeradas com cafezinho de meia em meia hora, que nunca ralaram dentro de sala de aula ou pelo menos viveram existencialmente o ambiente escolar e para aparentar serviços empurram goelas abaixo sobre todos, seus sonâmbulos projetos, que são automaticamente aceitos, pois em grande parte, estes executivos possuem cargos de chefia e de confiança. Este aspecto não é generalizado, pois muitas Secretarias de Educação tanto de Estados como de Prefeituras estão aproveitando técnicos com vivência profunda no meio educacional. Mas são pouquíssimas as Secretarias que estão tomando esta atitude. O sistema educacional está se transformando no cassino do azar. As Provas Brasil parecem realmente serem provas de um Brasil punitivo. O trabalhador como punição recebe um salário de fome na masmorra do seu ofício. O estudante recebe uma punição pelo fato de ser vítima de uma sociedade injusta que não trata com respeito das nossas questões fundamentais latino-americanas. A Escola e o professor acabam também punidos pela soma dos resultados numéricos e o Governo fica como um herdeiro do algoz ou do capataz da Casa Grande a castigar a Senzala e faz disto uma falácia educacional, reduzindo as questões fundamentais da educação em cifras numéricas. A população, também carente de uma visão crítica, de uma análise conclusiva da verdadeira situação, com pouca capacidade de reflexão profunda devido à grande exploração exercida sobre si, também como resultado de uma educação caótica e decadente das últimas décadas, caindo na estagnação do doxa, permanece anestesiada perante ao grande caos e a maior preocupação se reside na questão da Segurança Nacional, pois a destruição de uma sociedade é muito mais que um genocídio e sim um suicídio de massa, pois no fim todos quer queiramos ou não estamos no mesmo barco. Quanto ao ENEM ele se encontra na ponta deste iceberg. Será que é preciso falar alguma coisa sobre ele? Qual foi o discurso neoliberal para a formação dos educandos? Criar um ser para a vida, esta é a resposta! Alguém perguntou para que tipo de vida? Transformar robôs para servir ao mercado insensato e insensível? Transformar cidadãos para tornarem-se escravos de um capitalismo desumano e selvagem? Criar cidadãos sem a mínima consciência de Pátria e de Nação? Criar cidadãos que não protegem seus próprios recursos naturais deixando-os ao sabor e ao dispor de todas as potências capitalistas do planeta? Cidadãos que não sabem fazer perguntas corretas? Que dano traz à saúde este agrotóxico? Quais são os efeitos colaterais deste medicamento? Estaria ele me curando o fígado e estragando meus rins para que eu continue freguês de laboratórios? O que são emulsificantes, edulcorantes, conservantes? De que são feitos os refrigerantes? Por que vão destruir esta mata, esta praia, esta ilha? Se pagamos impostos porque também pagamos pedágios e porque privatizam? Ou pelo menos para onde vão estes referidos impostos que pagamos? Por que se estamos iniciando um processo democrático há grupos que querem destruir este sistema com seus três poderes bem instalados e funcionando, embora os percalços, mas com grandes possibilidades de transcendermos nossas limitações e alcançarmos uma civilização legítima e capaz de resolver seus desafios latino-americanos? São milhares de perguntas que devem ser feitas por um cidadão bem formado. Quando os livres pensadores serão chamados para discutir a Educação Brasileira? Mas não desanime nobre professor, pois há sempre um olhar de menino à sua espreita. Vocês são realmente merecedores de todos os nossos elogios! Onde se encontra Rousseau o descobridor da infância? Onde se encontra Pestalozzi que estudou seu próprio filho? Tiedmann que iniciou a observação da sistemática da evolução mental da criança? Leboyer e seus tapinhas no recém-nascido? Erickson e a evolução psicossocial do ser humano? Piaget e as fases sensório-motores? Freud nas investigações científicas dos sonhos, da libido, do inconsciente, trabalhando cientificamente com um objeto sem estar objetivamente sobre uma bancada de testes, análises ou pesquisas? Spitz e a mamãe perto do bebê? Melanie Klein e sua técnica de análise da criança, suas contribuições às teorias e críticas psicanalíticas, seus conceitos de fantasmas, posições, projeções, introjeções, etc. ? Give me the baby? Hetzer e o sorriso da criança! Charlot e Buhler com o comportamento da presença? Adler ou o filho pródigo? Anísio Teixeira e a felicidade humana? Paulo Freire e o crescimento do indivíduo na sociedade? João Batista Herkenhof e a humanização social? Renato Pacheco e a cosmovisão? Carlo Bússola e sua reinvenção filosófica? Professor, você é o agente transformador, sendo ao mesmo tempo o fermento, a massa e o pão. Quanto mais o perseguem desde o início dos tempos, o aprisionam em porões, o queimam em fogueiras da Santa Inquisição, o ignoram, o maltratam, mais desperta a consciência humana. Esta sua roupa sem marca compensa esta sua alma que marca!

quinta-feira, 26 de março de 2015

AS ORIGENS DA FORTE CENTRALIZAÇÃO DO PODER NO BRASIL

Mergulhando nas profundidades de nossas raízes culturais desde a Península Ibérica, numa linguagem fenomênica de nossa história, vamos demonstrar porque há uma forte centralização do poder no Brasil. A presidência do Brasil é uma realeza disfarçada e por mais que se modifique nossa Constituição, como a de 1988, com requinte parlamentarista, uma vez que o governo está refém de câmaras, assembleias e congresso, na prática é dos atos governamentais e das mãos dos dirigentes que o povo espera as grandes mudanças fundamentais da Nação. Por que o povo procede assim, desviando seus olhos para a Presidência da República como se fosse o trono de um reinado? Como um psicanalista historiador, ou um detetive da história, interpretando o passado longínquo, relembramos que quando os italianos(ainda não Itália, nesta época) que dominavam o comércio do Mediterrâneo para a Europa, se viram impossibilitados de controlarem as vias terrestres no interior do continente europeu, devido à Guerra do Cem Anos (1337-1453), onde França e Inglaterra disputavam territórios e a definição de suas fronteiras, gerando uma desorganização social, juntamente com a Peste Negra proveniente da falta de saneamento frente ao aumento populacional e à situação bélica; encontraram estes povos italianos uma solução no leste europeu, usando os portos portugueses (Portuscalis = Portugal = Portos das Gálias), para ancorarem suas embarcações, reabastecerem de víveres e água, para galgarem a Europa pelo norte, para adentrarem-se no continente. Os portugueses aproveitaram esta oportunidade mui sabiamente, envolvendo-se nestas baldeações marítimas ao ponto de dominá-las e adquirir a vanguarda das mesmas, favorecidos pela sua elite mercantil, seus conhecimentos marítimos, sua boa produção agrícola, sua experiência pesqueira, juntamente com um espírito dinâmico de trabalho que certamente provém do caldeirão de muitos povos que os formaram(gregos, latinos, bárbaruns, africanos, árabes e hebreus). O leitor pode observar que o grupo mercantil português vai se tornando aos poucos, cada vez mais forte e centralizado em torno de um Soberano. Surge uma nova crise em Portugal. Em 1383 falece o Rei D.Fernando, que não possuía filho varão e sua única filha D.Beatriz era casada com D.João I, Rei de Castela. Isto não foi aceito de forma nenhuma pela burguesia mercantil, pois retrocederiam ao tempo, caindo nas mãos de um feudalismo ultrapassado para o momento econômico que sustentavam. Como resposta ao trono vazio, entre 1383 a 1385, provocaram uma guerra contra Castela e aclamaram o Mestre Avis, para Rei de Portugal com o título de D.João I, de forma que este filho bastardo de D.Pedro I, pai de D.Fernando, inicia a Dinastia de Avis, após uma vitória esplendorosa em Aljubarrota. Aí reside um ponto fundamental e o cerne de uma questão tratada com respeito à centralização e ao fortalecimento do poder, de onde gira toda esta questão que nos envolve até aos dias atuais. Da forma supra citada, Portugal explode como Estado Moderno Inaugural, dentro da Europa, com uma burguesia comercial-mercantil fortíssima e deixa para trás todas as crises envelhecidas do feudalismo decadente e fracassado para uma nova atualidade sócio-econômica. A Revolução de Avis incrementa na mentalidade pública a supremacia portuguesa, a independência e o absolutismo do poder real. A nobreza que já não encontra espaço de sobrevivência, busca como âncora de salvação sua dependência ao Rei e procura no sentido de expansão em prática naquele momento um objetivo de cruzada. Percebem que os portais do Atlântico devem ser atravessados para executarem seus planos expansionistas. Agora são mais que entrepostos na condição de partícipes principais e primeiros na comercialização para o Atlântico Norte, via de entrada Centro-Europa, porém surgem algumas dificuldades, que embora volumosas, devem ser transcendidas. A primeira delas é subtrair das mãos dos italianos e dos árabes e judeus, a possessão das mercadorias orientais (especiarias), vistos que eram eles seus atravessadores e que elevavam por demais o preço das mercadorias. A outra seria encontrar um Caminho para as Índias, que não fosse o Mediterrâneo de domínio exclusivo ítalo-arábico e finalmente a terceira que seria encontrar metais preciosos como o ouro e a prata. A busca dos metais preciosos deve-se ao fato do grande fluxo de metais que existiu no Corredor Comercial em direção Europa-Oriente, juntamente com a fome, a guerra, as pestes que prejudicaram a extração dos mesmos em território europeu. Como podem observar, não eram pequenas as façanhas que os lusitanos deveriam vencer. Também não é fácil de imaginar, que um empreendimento deste vulto, necessitava do aval de grandes recursos financeiros e conhecimentos científicos da época, pois a caravela era a universidade flutuante daqueles tempos. Somente a centralização real e o seu fortalecimento providenciam condições para que estas metas sejam atingidas. O resto da Europa não tinha nenhuma possibilidade para efetuar este projeto, visto que se mobilizava socialmente em formas medievais e não possuía como os portugueses, uma burguesia mercantil evoluída e próspera, tecnologicamente avançada para a época e aliada a um soberano centralizador e fortemente absolutista. Desta forma, um cenário totalmente centralizador e absolutista, conforme exposto, poderá equacionar todas as crises internas e providenciar uma colonização de ilhas e terras ultramarinas, para uma expansão comercial-mercantil, gerando riquezas. Naquele momento, Portugal estava na vanguarda do mundo, com um poder real fortíssimo, organizado em todas as suas estruturas, uma burguesia mercantil totalmente fiel e unida ao Rei, com grande acumulação de capital e alcançando um notável desenvolvimento científico/tecnológico inspirado no processo comercial náutico. Estes aspectos positivos de comércio e tecnologia são os outros fatores que poderemos intuir, como elementos de origem de nossa formação cultural e não podemos negar, que o Brasil é um país altamente desenvolvido em indústria, comércio, tecnologia, artes, perante uma questão social caótica, mas que o governo em si destina-se a ser um Rei de Avis. As questões sociais têm também suas raízes dentro deste processo histórico-cultural que analisaremos a posteriori.

terça-feira, 24 de março de 2015

O GRANDE TRUQUE TECNOCRATA E NEOLIBERAL

Inexoralvemente na ponta da modernidade, do neoliberalismo (como pode ser neo se é liberalismo e se veio antes até mesmo do socialismo?), deu à escuridão (não à luz) da vida social uma série de neologismos, que não passam de truques tecnocratas de palavras bonitas, emolduradas, para assegurar um sistema falido, ultrapassado, roto, desgastado, baseado no capitalismo selvagem, desumano, cruel, um procedimento de Judas a troca de um monte de moedas. Frente à palavra terceirização coloco o sonho de Isaías e meu menino bonito e de esplendor há de nascer no reino daqueles que são os verdadeiros herdeiros de toda a produção e riqueza nacional que são os sofridos trabalhadores, este menino, esta idéia magnífica do senhor da justiça está a vir, a chegar, pois todos já estão a perceber que uma benção abraâmica paira sobre todo aquele que é perseguido, torturado e escravizado. Enquanto adiarmos nossos compromissos com a sociedade e tornarmo-nos reféns dos algozes ditadores, da fúria dos lobos do mercado transmutados em cordeirinhos e pombas midiáticas ou permitirmos que degolem nossas decisões democráticas, ou jogarmos a culpa nos demais, os terceirizadores alçarão seus vôos rasos sobre a sofrida sociedade. O que desejam é a besteliazação dos cidadãos, a alienação completa, transformar todos em bobos da corte, conduzir a população ao orgasmo do voyeur através da podridão dos programas e novelas de algumas redes de televisão atreladas ao capitalismo internacional, contrárias ao nosso nacional-desenvolvimentismo e para isto basta sucatear a educação e minar os programas de pesquisas. A globalização sempre existiu deste Alexandre Magno, mas quando a gente começa a usar um relógio com pulseira da China, mostruário da Índia, presilhas do Japão e por trás deste pequeno aparelho há uma multidão de escravos alienados em seus trabalhos, significa que devemos repensar a globalização porque o sol que se põe além do nosso horizonte é o mesmo de cada levante de nossas manhãs. O fato de estarmos abertos a todas as culturas, a possuirmos uma linguagem dialógica com todos os povos e um sentimento cósmico, holístico, não nos isenta e nos desloca de sermos a essência cultural de nossa aldeia; porém o capitalismo selvagem não respeita nossos limites sociais e querem um exemplo? Olhem o mapa da África! Todas as fronteiras são linhas retas como aquelas colchas de retalhos que nossas avós cerziam! Por quê? Perguntem às potências europeias que invadiram e dizimaram o território africano e verão o que fizeram com milhares de culturas invadidas, divididas e conduzidas à fome, à miséria. Os filhos do Iluminismo, da Era das Luzes, usaram erroneamente as grandes idéias de John Locke,Jean Jacques Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Diderot, D’Alembert e se tornaram como aves de rapinas, usando de novos vocabulários, neologismos e encontrando as mais esdrúxulas justificativas para suas atitudes cruéis. Nossas tradições não permitirão de forma alguma após as conquistas cultivadas nos últimos anos, as multiculturas que nos formaram, como a africana, a indígena, a ibérica, a européia, asiática (vocês já perceberam que as Américas são um apêndice da Ásia?), pois nossos braços são flexíveis ao ponto de aconchegarmos uns aos outros e não os colocaremos ao dispor da selvageria do capital para levar-nos a um estado de apodrecimento social em troca do enriquecimento de um punhado de capitalistas desumanos. Qual o destino de uma sociedade que delega a terceiros a responsabilidade que cabe a todos? Onde vão parar os cidadãos de um País globalizado, neoliberalizado, com seus trabalhadores vestidos de macacões carimbados por terceiras empreiteiras com terceiras intenções? Qual o destino de uma Nação com o governo totalmente privatizado, globalizado, terceirizado, administrando (?) um povo sub-assalariado, sem escolas públicas, sem hospitais públicos, sem destino público? É notório observar tratar-se aqui não de ser contra o capital privado, ou a empreiteira, o que não se aceita é a continuação da escravatura e da solidão humana dentro de sua própria Pátria. Podemos possuir perfeitamente empresas estatais e privadas simultaneamente comungando os mesmos negócios, mas visando o interesse do cidadão brasileiro e não os próprios interesses ilícitos. Não importa quem detém o capital se é o Governo, o privado, particular ou ambos ao mesmo tempo, mas é mister que todos visem uma educação necessária e correlata como guardiã dos nossos bens produzidos. Quando pensamos na alta taxa tributária sobre as mercadorias e que 30% de nossa produção se perde na rede de esgoto do transporte descuidado, do armazenamento irresponsável, da fragilidade das embalagens que se preocupam mais com a propaganda do que com a conservação, começamos a repensar o preço final de todos os produtos e perceber que toda a população está pagando caro, inclusive com a escassez e a fome. Há esperança? Não há dúvidas que dentro da alma humana há uma co-participação universal. Quando sabemos de uma queda de um avião, um terremoto, uma inundação, um maremoto, sentimos uma dor profunda. Parece que estamos a olhar o mais distante e esquecemos do mais próximo. Precisamos ter a acuidade visual de Euclides da Cunha e Guimarães Rosa, que pararam de olhar a Europa como centro do mundo e foram perceber, descrever e sentir a verdadeira alma brasileira do interior e do sertão. Porém nossa consciência está no nível daquilo que denominamos olhar do umbigo. Estamos dentro da sociedade e não conseguimos perceber seus problemas essenciais conduzindo-nos a uma visão miúda e mesquinha. Deveríamos ser até mais sensíveis quando olhássemos nossos umbigos, pois se nossos nomes são em nome do Pai, nossos umbigos são em forma da marca de nossa Mãe, um registro gravado a ferro quente. E nossa Pátria é tão importante para nós como nosso Pai e nossa Mãe. Olhem, há uma hecatombe social mil vezes maior que todos os terremotos, maremotos e inundações e ela está debaixo de nossos olhos. Não abandonem os conceitos de justiça social por conceitos modernos de mercado, que pelo fato de apresentarem-se como modernos não significa que seja uma saída para a miséria, a fome e o flagelo de nossa Nação, porque eles enganam a todos com seus neologismos neoliberais. Por serem modernos não significam que são novos e esta avalanche de usurpação do homem e do meio ambiente é muito antiga e tornou-se mais voraz a partir do desenvolvimento da sociedade capitalista e do pensamento cartesiano.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O PROFETA E A SEMENTE / PARADIGMA DO NOVO TEMPO SOCIAL

Não há assunto mais badalado e comentado do que crise e todo o seu conteúdo que geralmente abarca do econômico ao social. Vamos estudar com mais profundidade toda esta questão. Já imaginaram todas as transformações sucedidas em uma semente? No início era linda como uma pérola ao sol, em seguida apodrece e desmancha-se na terra. Em pouco tempo vem o caule, as folhas, as flores e os frutos. Em nossa sociedade está havendo uma crise de valores caducos, ultrapassados, reusados, remendados, mas que possuem em suas essências verdades universais que foram soterradas e suplantadas pela ânsia ao poder, ao enriquecimento ilícito e principalmente à escravidão e desvalorização do outro. Os homens anseiam por liberdade, fraternidade, justiça social e não adianta esta avalanche de neos, que não são nerds, que não sabem da mudança dos ventos e vivem agarrados às tábuas de suas antigas caravelas repletas de escravos e ávidas de exploração da terra, do saque, da destruição ambiental, porque estamos no tempo dos transatlânticos, no momento em que as idéias saltitam por sobre os continentes em busca da igualdade e da valorização do outro. Venham a nós as cooperativas formadas pela união sincera e fraterna dos grupos humanos, dando como exemplo agregação de pequenos proprietários de terra adquirindo em conjunto máquinas e equipamentos; plantando e colhendo de forma ecologicamente sadia, construindo casas, hospitais, igrejas em comunidades e organizando sistemas de distribuição de bens produzidos. Erguendo escolas comunitárias com metodologias interdisciplinares e transdisciplinares ao mesmo tempo, assessorados por hábeis especialistas formados em grandes universidades, aplicando o resultado de suas pesquisas laboratoriais em um desenvolvimento sustentável. Em seguida surgirão cadeias de supermercados aliadas a uma central de compras ligada a um pólo industrial de produção cooperativista atendendo a organizações comunitárias com projetos de alimentação saudável para as populações, de tal forma que não haja fome em lar algum. Assim também funcionarão as fábricas e indústrias comunitárias e cooperativistas também com desenvolvimento sustentável, obedecendo a rodízios em suas administrações e postos de serviços, de tal forma que todos tenham oportunidades gerais; também unida a centrais de compras e distribuições para centros comunitários, cumprindo assim a meta de que não falte nada a ninguém. O que é mais triste não é o velho sistema porque se chegamos até aqui foi graças ao seu esforço e suas conquistas. Mas o nosso convite é para inaugurar agora o novo, pois o de antes, merecedor de todo o nosso respeito já está velho demais para os nossos anseios e já se aposentou há tempo e não tem como remendar um pano velho com um remendo novo. Não é assim que diz o evangelho dos apóstolos? Em épocas de transição é necessário ser solidário, ter a mente aberta, uma atitude de renúncia frente ao aparente caos, que nada mais é do que uma fonte inesgotável de idéias e uma oportunidade sensacional para colocarmos nossos pés em um mundo de igualdade e fraternidade em um conjunto de nobres idéias. O momento é difícil? Sem dúvida alguma e nada é tão simples assim como se pensa. Não é fácil ser o feto e o embrião de um novo tempo, mas vale a pena olharmos o futuro agora mesmo, neste aqui aparentemente confuso, neste momento convulso, dobrando as nossas mangas para a construção de um novo mundo já emergente dentro de um sistema cooperativista, aliado a uma democracia plena, república justa, três poderes respeitáveis e judiciário competente. Vejamos que as idéias democráticas, republicanas, dos três poderes e do judiciário não podem sair do cenário, pois fora delas nada mais será possível. Sob a marcha e o som de uma ditadura a única música que poderemos ouvir é a valsa fúnebre da morte. Desta forma poderemos dizer que não há crise alguma, pois a maior de todas as recessões é ficarmos sempre repetindo o mesmo esquema histórico da possessividade e do apego às coisas materiais, da saudade ingênua a uma volta ao passado que não foi nada agradável pelo amordaçamento da arte, da criação intelectual, do âmbito da liberdade e dos direitos humanos. De nada adianta girar no redemoinho de uma correnteza artificial/social na falsa ilusão de que estaríamos indo em direção a um grande oceano, quando na verdade estamos rodopiando tontos em volta da repetida paisagem. Vamos abraçar outros conceitos com a força do que aprendemos até agora, pois a humanidade é como nosso corpo onde não há nenhuma célula e nenhum sistema separado um do outro; portanto há indivíduos sim, mas com funções dotadas para participar do destino de toda a humanidade, com egoência e não com egoísmo, pois este causa a separatividade, a dor e a anulação de todos. Vamos abrir nossos corações a um novo tempo, onde o homem será pelo homem, pela natureza, pelo universo, palpitando coração com coração para brindar pela beleza da existência.

domingo, 22 de março de 2015

SOCIEDADE APOCALÍPTICA DOS FILHOS DE D.JOÃO III

De toda esta soma de valores acumulados em nossa sociedade alicerçada em cima de um sistema, onde o lucro imediato está aquém de qualquer outro peso; onde ser esperto é mais digno do que ser humano, não poderá esperar mais nada do que as emergentes populações de miseráveis, não mais em volta, mas também no cerne das cidades. Soma-se o descaso pela educação conduzindo a uma situação de violência insuportável. Os últimos, penúltimos e ante-penúltimos se contentam com as migalhas da mesa do fausto banquete nacional, buscando pelas famosas bolsas de salva-vidas da pobreza nacional. Se algum gênio do século passado imaginasse um homem pesquisando as intimidades da matéria, do DNA, do cosmos, compactuando alimentos, laboratoriando embriões, direcionando gens, computadorizando micro-sistemas, comunicando-se globalmente; jamais imaginaria seres humanos se alimentando de grãos transgenizados, dedetizados, insetitrucidados; alimentos tóxicos e cancerígenos, clima de estufa, destruição do meio ambiente em benefício do capital financeiro, seres disputando com ratos, baratas e urubus, restos de lixos, flutuando com suas dores por avenidas enfeitadas com palacetes bancários, num quadro de buquê atômico de uma guerra psicológica e desumana de um capitalismo sem regras de conduta. Multiplicaram-se as religiões numa alienação total, para um céu além maravilhoso, acima das nuvens poluídas através dos buracos de ozônio, numa montagem engenhosa do divino e maravilhoso, inundando as mentes fantasiosas humanas de ilusões extra-vivendis, enquanto o nosso mundo não passa de uma sociedade apocalíptica dos filhos de D.João III. Este é o famoso ancestral criador das Capitanias Hereditárias, dividindo o nosso território tordesilheano em quinze grandes porções de terras, habilitando-os a este empreendimento. Estes grandes fidalgos ganhavam uma Carta de Doação com a posse hereditária da Capitania. Não é difícil de perceber que no Brasil há uma herança política onde o filho do fidalgo ( que já era filho de algo, de alguém poderoso) continua político, assim como o neto, mesmo que ele seja um irresponsável, boêmio ou viciado. Mudaram o pianista, mas o velho piano do sistema continua na sala inundado de traças e o novo músico não conhece outras partituras mais brilhantes que as antigas e se debruça sobre o teclado como uma ave de rapina. Continuamos com a mesma ética de D.João III no início de nossa colonização. Casa Grande e Senzala confirma nossa forma de ser. A senzala é imensa e multipartida pela sociedade. É a pobreza fardada de macacões pelas ruas, pelos caminhões de lixo, pelas diaristas, pelos serventes dentro de todas as repartições, atingindo também grande contingente de funcionários, quase todos terceirizados, uma forma nova de se vender escravos. Nossos governos proclamam que crescemos, que somos pioneiros nisto e naquilo, mas não sei em que direção, se é de um desenvolvimento sadio ou de um desenvolvimento doentio, destruindo o ecossistema, que também é o próprio homem. A televisão nos enche de imagens e de slogans e não faltam películas hilariantes para anestesiar a massa popular, atores em forma de robôs, naves varrendo constelações, duendes e fadas interestelares lutando com espadas eletromagnéticas, enquanto a bruxa anda solta. Estas sorrateiramente em seus cadinhos preparam porções miraculosas que servirão com classe e cortesia, no dia da última ceia do caos social.

sábado, 21 de março de 2015

COM CIÊNCIA OU SEM CONSCIÊNCIA?

Neste pequeno artigo proponho fazer duas perguntas interessantes: poderá haver uma divergência de interesses entre o público e a academia científica? Em primeiro lugar é necessário que perguntemos se existe uma academia de ciência diferente de outra. O fator que marcará esta diferença será a consciência com que esta academia manipula suas produções. Em segundo lugar, como este trabalho é apresentado ao leigo. É muito simples perceber qual a conduta ou comportamento de um grupo de cientistas ou outro. Até mesmo pelo resultado final de suas pesquisas, uma vez que o leigo, nem sempre está a par do andamento das experiências, em cada etapa que ela se apresenta. Não só a tecnologia bélica, mas outras deveriam ser analisadas com mais rigor, incluindo a farmacêutica e outros ditos laboratórios de outras áreas. A segunda pergunta: é possivel ao jornalista cientista providenciar uma inversão na busca de suas notícias? Explico: em lugar de contactar à fonte científica e tecnológica, contactar ao povo. De qualquer forma esta fonte nunca está fora da pesquisa, por ser inerente. Exemplos: em vez de consultar aos antropólogos, inquirir também aos índios. O mesmo para os negros, as minorias, que seriam ouvidas com tanta atenção como aos discursos dos sociólogos. Seriam fontes de pesquisas para a divulgação científica, os estudantes, os doentes, os assalariados e não somente os pedagogos, os ministérios de saúde e os patrões ou sindicatos, conforme o caso. Alguém dialogou com os cidadãos sobre os transgênicos? Não são eles que vão usá-los? A pergunta é interessante porque se formos fazê-la à CIB-CONSELHO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA, ela será totalmente a favor de seu uso. Por outro lado, se procurarmos informações em algumas ONG'S, umas serão a favor e outras contra. Mas este é um assunto também muito sério que poderá ficar para outra ocasião. E o cidadão, você que está lendo este artigo, já pensou nisto? Ontem à noite, passou por várias cidades do Brasil, o famoso "carro do fumacê". Ele já é um fato cultural de nossa sociedade. Está totalmente amparado por todas as prefeituras e governos, com o aval de todas as secretarias de saúde. Se consultarmos a estes órgãos governamentais qual a melhor forma de combate à dengue, aliada aos cuidados de cada cidadão, eles nos informarão que é através do famoso "carro do fumacê". Alguns até dirão: é ele que joga o produto no ar! Ou: solta o remédio no ar! Mas alguém perguntou a você cidadão, se está de acordo com este carro soltando fumaça na sua rua, todas as noites? Como você se sente depois que ele passa? Tem náuseas, dores de cabeça, dificuldades para respirar? Seus filhos estão com problemas respiratórios? Há muitas pessoas com crises cardiovasculares pela redondeza? Quantas pessoas sofrem depressão onde você mora? Esclarecemos que todas as doenças acima, podem também ter outras origens que aquelas advindas das toneladas de inseticidas jogadas no ar e no solo. Quais são os produtos químicos do carro do fumacê? Alfacipermetrina, destametrina que são produtos piretróides causando irritação nas mucosas, dificuldades de respiração, problemas brônquios e em alguns casos taquicardia. Malathion e temephos que são organofosforados, produtos também usados na guerra química. Causam lacrimejamento, salivação, sudorese, diarreia, tremores e inclusive entre outras doenças a temida depressão. Diflubenzuron, produto extremamente tóxico, existindo casos de agentes de saúde com câncer no fígado e diversas outras doenças que citarei em seguida, provenientes do manuseio deste inseticida. Ele provoca também lesões nos músculos, vísceras, pele, sangue, rins, estômago, inclusive no DNA agravando para toxidade genotóxica. Em outras palavras, estende a várias gerações. Todos estes produtos são validados pelos seus laboratórios com seus cientistas trabalhando dia e noite para atender aos milhões de toneladas que são jogados diariamente no ar e no solo. Finalizando este artigo, não ficará dificil responder quanto à divergência de interesses entre ciência/tecnologia sem consciência e a população. Também faz parte da cobertura do jornalismo científico uma inversão de contatos, para trazer à luz as informações encobertas pela inconsciência de alguns cientistas e a desinformação governamental. Mas fica uma última questão: existe algum produto não tóxico que poderia ser usado para combate à dengue, na mesma escala dos acima referidos?

A EPIDEMIA DO ANALFABETISMO SOCIOLÓGICO DE NOSSA NAÇÃO

Vivemos uma época de total analfabetismo sociológico, de cegueira completa e alienação generalizada, onde nossa sociedade mergulha nas trevas de uma idade média primitiva e incongruente. Uma determinada pessoa dias destes publicou no facebook o seguinte ditame: “eu quero a volta do Regime Militar, pois eu não fui ladrão de banco, não fui bandido, não fui assaltante, não fui irresponsável, não fui rebelde, não fui terrorista, não fui subversivo, não fui vagabundo, por isto eu quero o Regime Militar de novo no país!” Os intelectuais brasileiros, os maiores cientistas, escritores, teatrólogos, pesquisadores, artistas de primeira linha, pensadores também não foram bandidos, mas tiveram que sair às pressas do país porque um Regime Totalitário com pleno direito sobre a vida e a morte assumia o governo desta Nação. Eu poderia ter perguntado a esta criatura se por acaso ela lia Kant, Kafka, Fernando Pessoa, Drummond, Castro Alves, Jorge Amado, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Cecília Meirelles, Allan Poe, Pablo Neruda entre outros mil. Também se conhecera as obras de Dali, Picasso, Woody Allen, Glauber Rocha, Charlie Chaplin, Pasolini, Hitchcock, Buñuel, entre outros milhares de intelectuais de todas as áreas do conhecimento. Com certeza também nunca dera atenção a Caetano, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Chico Buarque, Gil, Geraldo Vandré entre outros mil! Em curtas palavras poderia ter-lhe feito uma pergunta luminosa e numinosa: “qual foi a formação que você teve desde o seu grupo escolar?” Certamente que não poderia ter-lhe perguntado se estudara Filosofia ou Sociologia durante sua vida escolar, pois foi-lhe sacado este direito a partir da Ditadura Militar e portanto aí está a chave mestra da sua cegueira social. Quem não sabe que os Regimes Totalitários que estão acima da Lei são expressões políticas anteriores a quaisquer idéias acerca de democracia, estado, relações entre poder e sociedade, vindas de tempos remotos das sociedades greco-romanas? Então vamos quebrar toda a nossa tecnologia de idéias e conhecimentos e regressarmos ao paleolítico das relações inter pessoais? Este é o primeiro ato deste texto. Ele solicita a volta do ensino da Filosofia e da Sociologia deste os primeiros anos do Ensino Fundamental. Em outra ocasião estava em um aeroporto e uma pessoa ao meu lado, intitulando-se empresário em São Paulo, apontou para o chão e disse-me: “depois que privatizaram a limpeza podemos até deitar neste chão e mais do que isto podemos deixar cair comida no chão e comer!”. Olhei para ele estupefato, pois a alguns metros de nós revarria aquele chão um funcionário vestido com um macacão aeroespacial, muito magro, amarelo e estupidamente terceirizado. Encontrava-se nas mesmas condições de um trabalhador braçal logo nos primórdios da eclosão da era industrial. Deve morar na periferia, passar fome de tudo, de moradia, de alimento, vestuário, educação para os filhos, saúde para a família, lazer e atrás daquela vassoura inconscientemente navega com a alma escancarada esperando a morte chegar. Lembrei-me de uma música que as Irmãs de Caridade cantavam: “para mim a chuva no telhado é cantiga de ninar, mas ao pobre meu irmão, para ele a chuva fria, lhe desmancha o seu barraco e faz lama pelo chão! Como posso ser feliz e ter sono sossegado...” Aquele olhar empresarial eu qualifico de olhar de umbigo. Só vê o umbigo e ao redor dele. Olhar medíocre e pequeno. Olhar que não atravessa a vidreira do aeroporto. Olhar que não alcança a pista, não prolonga pela avenida nem se distancia ao ponto de mergulhar na pobreza, na miséria, na tristeza cotidiana daqueles nossos irmãos que vivem amargamente nas periferias, sem infra-estrutura alguma e sem nenhuma solidariedade social. Esta periferia não se encontra somente no lugar físico e distante dos bairros nobres, mas está pulverizada em todos os lugares públicos, através da exploração do trabalhador, da deportação do cidadão dentro do seu próprio País e da escravidão disfarçada. Ora, se você quer ter paz social vá ao encontro do banido social. É a partir de lá que chegará até ao seu umbigo a tão almejada tranqüilidade. Enquanto o último não tiver solucionado seu problema social você não será o primeiro da sociedade. Não foi à toa que o Governo Brasileiro lançou a alguns anos o seu Programa Fome Zero e Bolsa Família. Não vamos discutir aqui os fundamentos deste programa, porque não nos cabe reduzir-nos a dissertar opiniões sobre um programa que ainda está no limiar do seu nascimento. O que eu poderia dizer àquele neoliberal ao meu lado? Nada! Pois se ele não sabe que o liberalismo surgiu antes das idéias marxistas, como o liberalismo pode ser neo? Como algo pode ser mais novo do que uma criança se está no lugar do seu tetravô? Este paradoxo, esta inversão política, não permite nenhuma dialética e destrói o mecanismo sadio das relações sociais. Eu chamo a isto de falácia das palavras. Você inventa uma palavra mágica, encantadora, sedutora como o canto da sereia para enganar as multidões e regressar ao massacre e à escravidão total dos trabalhadores. Mas se você não colocar cera nos ouvidos ou não se amarrar no mastro desta embarcação a vagar como fizeram os marinheiros e Ulisses, com certeza não conseguirá perscrutar além do seu umbigo. Este é o segundo ato deste texto. Ele e o terceiro ato a seguir requerem a volta do ensino da Sociologia e da Filosofia para os bancos escolares desde o Ensino Fundamental. Só assim teríamos um antídoto para impedir o fim de nossa democracia e república, com esta epidemia do analfabetismo sociológico de nossa Nação. Eu possuo uma mania do Rubem Braga e de quando em vez gosto de circular no meio do povão, porque isoladamente, misticamente e solitariamente sou este povão aí, no meu modo reservado de ser. Estava perto de uma banca de revista, quando uma mulher olhou para mim e com certeza pensando que sou muito inteligente, carrego este estigma na face desde o dia em que coloquei óculos pela primeira vez em minha mocidade e me perguntou quando começaria de novo o Big Brother Brasil? Eu disse que não sabia, mas poderia ter-lhe dito que justamente naquela hora em que as pessoas tomassem consciência dos porões de suas relações intra-psíquicas e deixassem de ser exploradas pela sagacidade da mídia, que as saqueiam ininterruptamente, porque sabem dos arquétipos do voyeur que habitam dentro das criaturas humanas desde as noites dos tempos. Dizer que a imprensa é tola seria profanar o templo da tolice, porque quando o ser humano dotado de conhecimento ultrapassa o reino da verdade em nome do poder, do capital e do sensacionalismo medíocre e profano do saber acadêmico é construir um punhal à distância que furará um dia o cerne do seu próprio coração à medida em que caminha. Desejar voltar a um passado que não existiu, um passado que não foi glorioso porque foi ditatorial, foi paleolítico e agora pretende ser neolítico; um passado que não existiu porque o ser foi anulado em sua essência, assim como não possuir uma captação telescópica nos sentimentos ao ponto de não perceber as necessidades do outro e ainda assim deixar-se arrastar por esta correnteza inescrupulosa da volúpia de uma parte dominante da mensagem midiática pelo poder, ibope e capital conforme acima relatei, é um sintoma que o analfabetismo sociológico tornou-se uma epidemia nacional. Que a imprensa tenha o direito de opinar politicamente é mais do que justo e legal, mas que não fuja do universo da verdade. Os gregos quando se referiam à verdade, diziam ALETHEIA, ou seja, a verdade é o que está aí, é o que não se oculta. A verdade é como o sol, penso. Mas alguém diria que o sol se esconde à tarde. Mas o sol nunca se turva, porque ele está brilhando para o outro. Está entre aspas renascendo sempre. Quem tem a mente holística, fenomênica, não ignora o esplendor do noumenon. A Imprensa Marrom que corrompe a ética jornalística e se assenta sobre o sensacionalismo utiliza-se deste aspecto reduzido da percepção humana, tornando-se correlata com o conhecimento vulgar e aproveitando-se disto, para tirar todas as vantagens possíveis, mas que está a correr o risco de ser expulsa deste devenir do édem criado por manipulação capitalista; desta espécie de cidade do tesouro ou terra do shangrilá das benesses. VERITAS é o termo latino para verdade e agora sim reafirma sobre o procedimento da linguagem e sua equação com os fatos ocorrentes. Portanto, o relato só é verdadeiro se possuiu total transparência com os acontecimentos. Você já viu aquela experiência grupal em que o primeiro diz no ouvido do segundo uma frase até chegar ao enésimo da fila e quando este diz o que ouviu todos ficam estupefatos, pois não tem nada a ver com a frase inicial. A Imprensa Marrom por não ter a coragem de ir à raiz, ao cerne das questões sociais cria um panorama, uma odisséia de informações estonteantes para embriagar ao público, anestesiá-lo e hipnotizá-lo, possibilitando desta forma que os lobos tomem conta do galinheiro; pois é justamente isto que os exploradores dos povos necessitam para estabelecer suas regras de opressão e escravidão. EMUNAH é a verdade em hebraico. Ela é um pacto entre o divino e o humano. Há um procedimento hebraico pautado sobre o perdão, a gratidão e a esperança. Perdoar é doar-se junto ao outro, ser grato é ser pleno da graça divina e esperar é não perder o foco. Tudo o que nós alcançamos em termos de cidadania, igualdade, fraternidade, liberdade, democracia, república, solidariedade, ética e etecétera digo eu, se jogarmos no lixo através de nossas obras artísticas incluindo o trabalho jornalístico estaríamos ignorando o perdão, porque nem mesmo nós somos infalíveis; estaríamos sendo ingratos com a luta e o sangue daqueles que nos presentearam estes direitos e deixaríamos um legado de desespero às novas gerações possibilitando o último vôo dos urubus, que estão em pé sobre as estacas das cercas esperando o boi morrer.