sexta-feira, 27 de março de 2015
O CAOS NA EDUCAÇÃO APÓS FHC E SUA LDB NEOLIBERAL
Qual o destino deste País que não valoriza o professor? Pobre ser humano condenado a uma situação hereditária da pobreza de Diógenes e da condenação de Sócrates. Quem dirá de seu esforço direcionado nos dourados sonhos juvenis da pretendida sociedade justa e igualitária?
Triste sina inquisitória o acompanha. Seus passos ocos pelas ruas parecem repetir os estalidos fosforizados das fogueiras da Santa Inquisição sobre as cinzas e os ossos dos livres pensadores e dos fundadores da ciência moderna.
Encurralados pelos corredores das Superintendências e das Secretarias de Educação de nosso País, anseiam horizontes mais dignos em termos de condições de trabalho e salário, mediados pelas lutas sindicais, através de um diálogo sonoro, corporal, suado, desembocado nas explicações surreais das mesas de negociações com as Administrações Governamentais.
Porém, é necessário pensar com mais profundidade. A começar por uma crítica séria sobre esta lei neoliberal das diretrizes básicas da educação, LDB, que ao longo prazo, como já está acontecendo, está deixando os prefeitos e governadores em estado de emergência, pois conforme notamos as escolas do nosso País estão caindo aos pedaços, o ensino deixa a desejar para três massas falidas, o estudante e o educador e a sociedade. Jogaram o milho chocho na praça e os pombos correram alvoroçados para comê-lo e não faltaram idiotas e papagaios para elogiar aquilo que seria a hecatombe da educação brasileira, vejamos um pequeno trecho midiático: "Na capital do Brasil, na cidade Brasília, no dia 20 de dezembro de 1996, e no 175º da Independência e no 108º da República o Presidente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO e o Ministro da Educação PAULO RENATO SOUZA assinaram uma nova lei na área da Educação: LDB (Lei Nº 9.394 - 20 de Dezembro de 1996) conhecida como LDBN ou simplesmente LDB.
Cumpre destacar que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e o Art. 1º (Lei Nº 9.394) explicita que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e de pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais." O trombone fascista acabava de anunciar sua propaganda vazia, porque o veneno mesmo estava no conteúdo da lei. Houve um esforço muito grande dos governos seguintes em melhorá-la, mas não saiu dos trilhos perigosos do neoliberalismo, embora a partir de LULA e DILMA aconteceu um avanço muito grande. Nem dá para comparar com FHC que queria vender tudo, deixando o Reino dos Céus para depois. Uma prova de que esta intervenção neoliberal na Educação Brasileira a partir do Governo de FHC está levando nossa Educação ao caos, ao horror, à síndrome de um dos Países mais atrasados do Planeta, vou dar-lhes apenas alguns índices. Vejamos os indicadores da educação brasileira, levando em conta sua Posição no Ranking entre 122 (cento e vinte e dois) países. Vamos lá então: a) Educação em geral: o Brasil ocupa o 88º lugar; b) Pessoas com mais de 25 anos com Ensino Superior: o Brasil ocupa o 64º lugar; c) Taxa de matrícula na Educação Básica: o Brasil ocupa o 69º lugar; d) Taxa de matrícula no Ensino Superior: o Brasil ocupa o 76º lugar; e) Diferença de gênero na educação: o Brasil está em 1º lugar; f) Acesso à internet nas escolas: o Brasil ocupa o 86º lugar; g) Qualidade do Sistema Educacional: o Brasil ocupa o 105º lugar; h) Qualidade das Escolas de Educação Básica: o Brasil ocupa o 109º lugar; i) Qualidade do Ensino de Matemática e Ciências: o Brasil ocupa o 112º lugar; j) Pessoas com mais de 25 anos com Ensino Médio: o Brasil ocupa o 57º lugar; k) Qualidade de Gerenciamento das Escolas: o Brasil ocupa o 43º lugar.
Os cinco melhores Países em Educação: 1°) Coreia do Sul; 2º) Japão; 3º) Cingapura; 4º) Hong Kong; 5º) Finlândia.
Os cinco piores Países em Educação: 36º) Colômbia; 37º) Argentina; 38º) Brasil; 40º) Indonésia.
Vamos ver outros índices da Educação Brasileira. a) Crianças e Jovens (entre 4 e 17 anos) fora da Escola: 3,7 milhões. b) Taxa de abandono escola: 5%; c) Jovens entre 15 e 17 anos com Ensino Fundamental Completo: 58%; d) Jovens entre 18 e 20 anos com Ensino Médio Completo: 41%; e) Jovens entre 11 e 13 anos que frequentam a Escola nas séries finais do Ensino Fundamental: 845; f) Crianças entre 5 e 6 anos que freqüentam a Escola: 90%; g) Taxa de Reprovação: 13%; h) Taxa de Aprovação: 87%; i) Matrículas na Educação Básica: em torno de 55 milhões; j) População adulta com Ensino Fundamental concluído: 55%.
Onde está a porta da democracia tão procurada? Na entrada da Escola, com a gestão democrática entre aspas, disfarçada? A questão democrática da gestão é também complicada. Um gestor indicado ou um gestor eleito? Sabemos que o círculo vicioso da democracia reside no âmbito da própria educação. Estamos preparados para a democracia? Onde foi ensinada a democracia? Que democracia será esta onde o vencedor é o mais simpático? Que democracia será esta onde o vencedor poderá ser o menos competente? Onde o vencedor não está comprometido com os ideais democráticos? Onde está o conhecimento de democracia, na porta da Escola ou em que ângulo da porta da casa do cidadão comum? Onde nasce a Escola e a sociedade? Lá dentro ou cá fora? Qual a diferença entre dentro e fora? Entre o público e o privado?
Onde há espaços na grade curricular para ensinar democracia? Por que retiraram da educação o ensino da filosofia e da sociologia? Inclusive este ensino deveria ser dado desde as primeiras séries do ensino fundamental.
Será que a nova e velha LDB, anciã quando nova por ter sido almejada por neoliberais estava realmente preocupada com o professor? Quantas vezes ela o cita envolvida com suas necessidades de trabalho e sobrevivência?
Transformaram a Educação em um jogo de palavras bonitas, neologismos mágicos para enganar a todos, para reinar um jogo onde se brinca a ermo e o professor se transforma em um “gandula” alvoroçado fora do campo em pleno jogo, repetidas vezes dia após dia procurando pela bola e pensando no jogo perdido. Alguma ação boa tem sido iniciada por alguns prefeitos, digo, alguns prefeitos contados nos dedos das mãos, no sentido de uma Escola de Ensino Integral. São pouquíssimos, mas parabéns a estes desbravadores.
Espumam pelos cantos das bocas os enegogos da Educação exibindo projetos sobre projetos para que os professores o cumpram e tudo não passa de um engano monstruoso, deixando quase sempre a desejar o cumprimento com a grade curricular, mas por fora brilhando como se tudo estivesse a mil maravilhas, um verdadeiro carnaval de máscaras, fantasias, confetes, serpentinas e o resultado educacional está aí para todo mundo ver. O resultado da educação se obtém pela percepção crítica, fundamentada em um raciocínio amplo e profundo do que seja a face real da sociedade e quando a alienação se torna um manto sobre as consciências, podemos dizer que o resultado é zero.
O conhecimento e a cultura submergem gradativamente junto com a suntuosidade do titanic educacional deste País. Quando ouço esta palavra projeto, lembro-me de um prefeito interiorano que possuía uma pequena propriedade rural e lá no alto do pasto sempre se via uma besta pastando. Ele a mostrava e dizia: “O nome dela é Projeto! Anda pra lá, anda pra cá, relincha, corre, salta, mas no fim não resolve nada!”.
Sou contra Projetos? De forma alguma. Sou contra projetos feitos por quem não tem experiência alguma na Educação. Sou contra projetos feitos por executivos dentro de suas salas refrigeradas com cafezinho de meia em meia hora, que nunca ralaram dentro de sala de aula ou pelo menos viveram existencialmente o ambiente escolar e para aparentar serviços empurram goelas abaixo sobre todos, seus sonâmbulos projetos, que são automaticamente aceitos, pois em grande parte, estes executivos possuem cargos de chefia e de confiança. Este aspecto não é generalizado, pois muitas Secretarias de Educação tanto de Estados como de Prefeituras estão aproveitando técnicos com vivência profunda no meio educacional. Mas são pouquíssimas as Secretarias que estão tomando esta atitude.
O sistema educacional está se transformando no cassino do azar. As Provas Brasil parecem realmente serem provas de um Brasil punitivo. O trabalhador como punição recebe um salário de fome na masmorra do seu ofício. O estudante recebe uma punição pelo fato de ser vítima de uma sociedade injusta que não trata com respeito das nossas questões fundamentais latino-americanas.
A Escola e o professor acabam também punidos pela soma dos resultados numéricos e o Governo fica como um herdeiro do algoz ou do capataz da Casa Grande a castigar a Senzala e faz disto uma falácia educacional, reduzindo as questões fundamentais da educação em cifras numéricas. A população, também carente de uma visão crítica, de uma análise conclusiva da verdadeira situação, com pouca capacidade de reflexão profunda devido à grande exploração exercida sobre si, também como resultado de uma educação caótica e decadente das últimas décadas, caindo na estagnação do doxa, permanece anestesiada perante ao grande caos e a maior preocupação se reside na questão da Segurança Nacional, pois a destruição de uma sociedade é muito mais que um genocídio e sim um suicídio de massa, pois no fim todos quer queiramos ou não estamos no mesmo barco.
Quanto ao ENEM ele se encontra na ponta deste iceberg. Será que é preciso falar alguma coisa sobre ele? Qual foi o discurso neoliberal para a formação dos educandos? Criar um ser para a vida, esta é a resposta! Alguém perguntou para que tipo de vida? Transformar robôs para servir ao mercado insensato e insensível? Transformar cidadãos para tornarem-se escravos de um capitalismo desumano e selvagem? Criar cidadãos sem a mínima consciência de Pátria e de Nação?
Criar cidadãos que não protegem seus próprios recursos naturais deixando-os ao sabor e ao dispor de todas as potências capitalistas do planeta? Cidadãos que não sabem fazer perguntas corretas? Que dano traz à saúde este agrotóxico? Quais são os efeitos colaterais deste medicamento? Estaria ele me curando o fígado e estragando meus rins para que eu continue freguês de laboratórios? O que são emulsificantes, edulcorantes, conservantes? De que são feitos os refrigerantes? Por que vão destruir esta mata, esta praia, esta ilha? Se pagamos impostos porque também pagamos pedágios e porque privatizam? Ou pelo menos para onde vão estes referidos impostos que pagamos? Por que se estamos iniciando um processo democrático há grupos que querem destruir este sistema com seus três poderes bem instalados e funcionando, embora os percalços, mas com grandes possibilidades de transcendermos nossas limitações e alcançarmos uma civilização legítima e capaz de resolver seus desafios latino-americanos? São milhares de perguntas que devem ser feitas por um cidadão bem formado.
Quando os livres pensadores serão chamados para discutir a Educação Brasileira?
Mas não desanime nobre professor, pois há sempre um olhar de menino à sua espreita. Vocês são realmente merecedores de todos os nossos elogios! Onde se encontra Rousseau o descobridor da infância? Onde se encontra Pestalozzi que estudou seu próprio filho? Tiedmann que iniciou a observação da sistemática da evolução mental da criança? Leboyer e seus tapinhas no recém-nascido? Erickson e a evolução psicossocial do ser humano? Piaget e as fases sensório-motores? Freud nas investigações científicas dos sonhos, da libido, do inconsciente, trabalhando cientificamente com um objeto sem estar objetivamente sobre uma bancada de testes, análises ou pesquisas? Spitz e a mamãe perto do bebê? Melanie Klein e sua técnica de análise da criança, suas contribuições às teorias e críticas psicanalíticas, seus conceitos de fantasmas, posições, projeções, introjeções, etc. ? Give me the baby? Hetzer e o sorriso da criança! Charlot e Buhler com o comportamento da presença? Adler ou o filho pródigo?
Anísio Teixeira e a felicidade humana? Paulo Freire e o crescimento do indivíduo na sociedade? João Batista Herkenhof e a humanização social? Renato Pacheco e a cosmovisão? Carlo Bússola e sua reinvenção filosófica?
Professor, você é o agente transformador, sendo ao mesmo tempo o fermento, a massa e o pão.
Quanto mais o perseguem desde o início dos tempos, o aprisionam em porões, o queimam em fogueiras da Santa Inquisição, o ignoram, o maltratam, mais desperta a consciência humana.
Esta sua roupa sem marca compensa esta sua alma que marca!
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